domingo, 5 de julho de 2009

uma crise

Uma crise é, sintetizando o mais possível, uma perturbação temporária de um estado de equilíbrio.
Todos os sistemas - humanos, cibernéticos, sociais ou outros - tarde ou cedo, por acção externa ou interna lá atravessam a sua “crise”. ......... e é vê-las a produzir fenómenos bizarros e desorientados.
Mesmo sabendo todos nós que é assim, que é uma inevitabilidade que as coisas mexam, que os equilíbrios estabelecidos se rompam, que tudo mude, ainda que seja para que fique na mesma, o facto é que temos medo, e geralmente, não gostamos.
Claro que há crises e crises.
Há umas ditas normativas, que não só fazem parte como são essenciais ao crescimento. ...
Cada fase da vida, cada nova descoberta, cada experiência a que se tem acesso, deve mesmo provocar alguma reacção ..... mesmo doendo e incomodando, nos ajudam a ser mais e a ser melhores. Estas são as crises interessantes, produtivas, estimulantes a vitais. As que recordamos tempos depois como vitórias pessoais, como obstáculos que conseguimos ultrapassar e que nos deixam um travo bom na boca e uma ideia simpática sabre nós próprios e os nossos recursos. Ajudam‑nos a sentir segurança, a ter uma maior auto‑estima, a sermos mais nós.
Depois há as outras crises. Aquelas que chegam exactamente como as outras, mas que se instalam como se fossem equilíbrios duradouros. Parece que se perde o movimento, o ritmo, a noção de devir, a perspectiva de temporalidade. Parece que tudo se concentra neste momento, num aqui e agora imenso, doloroso, afunilado a incontornável, que anula a própria ideia de fase, de desenvolvimento e de crescimento. No limite, estas crises permanentes são patologias ou desequilíbrios estáveis, que apenas infernizam a vida e acarretam infelicidade e desgosto.
O elemento curioso e a destacar é, do meu ponto de vista, por um lado a pressa que muitos de nós parecemos ter em julgar e transformar crises normativas em desajustamentos permanentes e por outro, a facilidade com que aceitamos, depois, patologias puras e duras como trivialidades.
Por maior que seja o medo do desconhecido, há que aprender, há que saber que o estável, o estático, o catalogável e o reconhecível não são necessariamente bons ou úteis.
E que tudo muda e se transforma.

1 comentário:

wind disse...

Plenamente de acordo!
Beijos