terça-feira, 31 de março de 2009

segunda-feira, 30 de março de 2009

:)


foto de Pedro Mendes

sexta-feira, 27 de março de 2009

quarta-feira, 25 de março de 2009

sou


foto de Rui Lebreiro
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"Sou um desastre humano. Ninguém no disse. Sou eu que o digo. Vivo de incertezas. A única certeza que me resta é que tenho de voltar a tomar os comprimidos e marcar uma consulta com a minha médica. Mas não vou fazer nada disso. Eu minto-lhe e ela mente-me, dizendo que me vai livrar de todos os meus desordenados pensamentos. Por isso nunca lhe digo que deixei de tomar os comprimidos. Se eles me impedem de pensar, prefiro a minha doença.O meu único sossego encontro-o nos sonhos que não se convertem em pesadelos.
Fui de férias.
Viajei para longe para me esquecer de mim. Não deu resultado. Para onde quer que vá a minha cabeça é a mesma. Não consigo tirar férias de mim.
Talvez fosse melhor ser uma pessoa normal, com rotinas, família e coisas dessas. O meu azar é ter fé em coisas utópicas, coisas que não existem.
Em nada me sinto segura, ninguém me pode convencer, só eu me posso convencer a mim própria. Há muito que me convenci que não tenho cura e os dias passam sem piedade.
Voltei de férias."


Pedro Paixão , Os corações também se gastam

terça-feira, 24 de março de 2009

para F.

foto de Diogo Baptista
Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!
A alguns deles não procuro, basta saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida...mas é delicioso que eu saiba e sinta que eu os adoro, embora não declare e os procure sempre...
Vinícius de Moraes

me invade..............................

domingo, 22 de março de 2009

Sensation


Je ne parlerai pas, je ne penserai rien

Mais l'amour infini me montera dans l'âme

...

Rimbaud,Poésies

A puta

Quero conhecer a puta.
A puta da cidade.
A única.
A fornecedora.
Na rua de Baixo
Onde é proibido passar.
Onde o ar é vidro ardendo
E labaredas torram a língua
De quem disser: Eu quero
A puta
Quero a puta quero a puta.
Ela arreganha dentes largos
De longe. Na mata do cabelo
Se abre toda, chupante
Boca de mina amanteigada
Quente. A puta quente.
É preciso crescer esta noite inteira sem parar
De crescer e querer
A puta que não sabe
O gosto do desejo do menino
O gosto menino
Que nem o menino
Sabe, e quer saber, querendo a puta.

Carlos Drummond de Andrade

sábado, 21 de março de 2009

o trauma da morada

Um dos grandes problemas da nossa sociedade é o trauma da morada. Por exemplo. Há uns anos, um grande amigo meu, que morava em Sete Rios, comprou um andar em Carnaxide. Fica pertíssimo de Lisboa, é agradável, tem árvores e cafés. Só tinha um problema. Era em Carnaxide. Nunca mais ninguém o viu.
Para quem vive em Lisboa, tinha emigrado para a Mauritânia! Acontece o mesmo com todos os sítios acabados em -ide, como Carnide e Moscavide. Rimam com Tide e com Pide e as pessoas não lhes ligam pevide. Um palácio com sessenta quartos em Carnide é sempre mais traumático do que umas águas-furtadas em Cascais. É a injustiça do endereço. Está-se numa festa e as pessoas perguntam, por boa educação ou por curiosidade, onde é que vivemos. O tamanho e a arquitectura da casa não interessam. Mas morre imediatamente quem disser que mora em Massamá, Brandoa, Cumeada, Agualva-Cacém, Abuxarda, Alformelos, Murtosa, Angeja... ou em qualquer outro sítio que soe à toponímia de Angola. Para não falar na Cova da Piedade, na Coina, no Fogueteiro e na Cruz de Pau. (...) Ao ler os nomes de alguns sítios - Penedo, Magoito, Porrais, Venda das Raparigas, compreende-se porque é que Portugal não está preparado para entrar na CEE.
De facto, com sítios chamados Finca Joelhos (concelho de Avis) e Deixa o Resto (Santiago do Cacém), como é que a Europa nos vai querer integrar? Compreende-se logo que o trauma de viver na Damaia ou na Reboleira não é nada comparado com certos nomes portugueses. Imagine-se o impacte de dizer "Eu sou da Margalha" (Gavião) no meio de um jantar. Veja-se a cena num chá dançante em que um rapaz pergunta delicadamente "E a menina de onde é?", e a menina diz: "Eu sou da Fonte da Rata" (Espinho). E suponhamos que, para aliviar, o senhor prossiga, perguntando "E onde mora, presentemente?", só para ouvir dizer que a senhora habita na Herdade da Chouriça (Estremoz).
É terrível. O que não será o choque psicológico da criança que acorda, logo depois do parto, para verificar que acaba de nascer na localidade de Vergão Fundeiro? Vergão Fundeiro, que fica no concelho de Proença-a-Nova, parece o nome de uma versão transmontana do Garganta Funda. Aliás, que se pode dizer de um país que conta não com uma Vergadela (em Braga), mas com duas, contando com a Vergadela de Santo Tirso? Será ou não exagerado relatar a existência, no concelho de Arouca, de uma Vergadelas? É evidente, na nossa cultura, que existe o trauma da "terra". Ninguém é do Porto ou de Lisboa.
Toda a gente é de outra terra qualquer. Geralmente, como veremos, a nossa terra tem um nome profundamente embaraçante, daqueles que fazem apetecer mentir. Qualquer bilhete de identidade fica comprometido pela indicação de naturalidade que reze Fonte do Bebe e Vai-te (Oliveira do Bairro). É absolutamente impossível explicar este acidente da natureza a amigos estrangeiros ("I am from the Fountain of Drink and Go Away...").
Apresente-se no aeroporto com o cartão de desembarque a denunciá-lo como sendo originário de Filha Boa. Verá que não é bem atendido.(...) Não há limites. Há até um lugar chamado Cabrão, no concelho de Ponte de Lima!
Urge proceder à renomeação de todos estes apeadeiros. Há que dar-lhes nomes civilizados e europeus, ou então parecidos com os nomes dos restaurantes giraços, tipo Não Sei, A Mousse é Caseira, ou Vai Mais um Rissól.(...) Também deve ser difícil arranjar outro país onde se possa fazer um percurso que vá da Fome Aguda à Carne Assada (Sintra) passando pelo Corte Pão e Água (Mértola), sem passar por Poriço (Vila Verde), e acabando a comprar rebuçados em Bombom do "Bogadouro"¹, (Amarante), depois de ter parado para fazer um chi-chi em Alçaperna (Lousã).
¹ - Bogadouro é o Mogadouro quando se está constipado!!!
(Miguel Esteves Cardoso)

sexta-feira, 20 de março de 2009

sim

Costumo voltar atrás, sim.
Não tenho compromisso com o erro.
Juscelino Kubitschek

segunda-feira, 16 de março de 2009

quinta-feira, 12 de março de 2009

Quando perguntam:

- Posso te fazer uma pergunta?
- Deste-me alguma hipótese? Deste?

quarta-feira, 11 de março de 2009

terça-feira, 10 de março de 2009

mau feitio


domingo, 8 de março de 2009

8 = 3 + 5

sexta-feira, 6 de março de 2009

uma coisa simples

Quero dizer-te uma coisa simples: a tua ausência dói-me.
Refiro-me a essa dor que não magoa, que se limita à alma; mas que não deixa, por isso,de deixar alguns sinais - um peso nos olhos, no lugar da tua imagem, e um vazio nas mãos. Como se as tuas mãos lhes tivessem roubado o tacto.
São estas as formas do amor, podia dizer-te; e acrescentar que as coisas simples também podem ser complicadas, quando nos damos conta da diferença entre o sonho e a realidade.
Porém, é o sonho que me traz a tua memória; e a realidade aproxima-me de ti, agora que os dias correm mais depressa, e as palavras ficam presas numa refracção de instantes, quando a tua voz me chama de dentro de mim - e me faz responder-te uma coisa simples, como dizer que a tua ausência me dói.



POESIA, Pedro, Lembrando Inês, Nuno Júdice

quarta-feira, 4 de março de 2009

só me apetece .......................











dizer asneiras

segunda-feira, 2 de março de 2009