domingo, 22 de março de 2009

A puta

Quero conhecer a puta.
A puta da cidade.
A única.
A fornecedora.
Na rua de Baixo
Onde é proibido passar.
Onde o ar é vidro ardendo
E labaredas torram a língua
De quem disser: Eu quero
A puta
Quero a puta quero a puta.
Ela arreganha dentes largos
De longe. Na mata do cabelo
Se abre toda, chupante
Boca de mina amanteigada
Quente. A puta quente.
É preciso crescer esta noite inteira sem parar
De crescer e querer
A puta que não sabe
O gosto do desejo do menino
O gosto menino
Que nem o menino
Sabe, e quer saber, querendo a puta.

Carlos Drummond de Andrade

1 comentário:

Fernanda disse...

E, porque a puta me fez rir,...
mesmo assim, a dor de cabeça não passa...:)


Um beijo