quinta-feira, 9 de abril de 2009

As palavras

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.


Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?


Eugénio de Andrade

1 comentário:

Fernanda disse...

Há palavras que se dizem,...umas doces outras amargas.
Há palavras que não se dizem,...porque nos estremecem de tão inseguras nos fazem sentir.
E,...há outras palavras que se dizem e que não queriamos ouvir.

Um beijo